Apontamento para o livro do profeta Isaías lição 01 (modulo profetas maiores)

Profetas Maiores

    Os livros proféticos consistem em número de dezessete, sendo que, cinco são considerados maiores e doze menores. 
   Os nomes maiores e menores não se referem à importância pessoal do profeta, mas ao tamanho do livro e à extensão do ministério exercido. 
    A destruição da nação foi consumada em dois períodos. ■ O Reino do Norte caiu (732-722 a.C.). Antes desse período e durante ele houve: Isaías; 
■ O Reino do Sul caiu (605-587 a.C.). Neste houve: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel. 
   
Os Cinco Maiores são:

>  Isaías. O grande profeta da redenção. 
    É um livro rico em profecias messiânicas, mesclado com maldições sobre as nações pecadoras. 

> Jeremias. O profeta chorão. Viveu desde os tempos de Josias até o cativeiro. 
   Tema principal: a reincidência, o cativeiro e a restauração dos judeus. 

> Lamentações. É uma série de clamores de Jeremias, lamentando as aflições de Israel. 

> Ezequiel. É um livro de impressionantes metáforas (emprego de uma palavra em sentido diferente do próprio por analogia ou semelhança) que descrevem claramente a triste condição do povo de Deus e o caminho, a exaltação e a glória futura. 

> Daniel. É um livro de biografia pessoal e visões apocalípticas acerca dos acontecimentos da história secular e sagrada. 

   QUEM ERA O PROFETA ISAÍAS

Isaías era filho de Amoz, (mas não Amós). O Talmude afirma que Amoz, pai de Isaías era irmão do rei Uzias.
Isaías profetizou durante os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias (1.1). 

O nome Isaías significa “o Senhor salva”. 
O profeta era da mesma época de Amós, de Oséias e de Miquéias, e começou seu ministério em 740 a.C. 698 a.c, ano em que morreu o rei Uzias. Seu ministério durou cerca de 40 anos.  
Teria nascido por volta de 760 e vivido pelo menos até 698 a.C. De família nobre de Judá.

Isaías era casado, e tinha no mínimo dois filhos
Sear-Jasube (7.3) e Maer-Shalai-Hash-Baz (8.3).
É provável que tenha passado a maior parte de sua vida em Jerusalém, exercendo maior influência no reinado de Ezequias (37.1-20).

Sua morte. Segundo uma tradição judaica Isaías foi serrado ao meio pelo filho de Ezequias um rei iníquo Manassés, (Hb 11.37).

Pano de fundo 

    O fato histórico que deu ocasião à obra dos profetas foi a apostasia das dez tribos no fim do reinado de Salomão ( l Rs 12). Como medida política, para conservar separados os dois reinos, o Reino do Norte (Israel) adotou como religião oficial o culto do Bezerro, um aspecto da religião do Egito. 
    Logo depois adicionou o culto de Baal, que também teve grande influência no Reino do Sul (Judá). Nessa crise, quando o povo estava abandonando Deus e se entregando à idolatria das nações vizinhas, e quando o nome de Deus estava desaparecendo do espírito do povo e o plano divino, que visavam à redenção final do mundo, reduzia-se a zero, nesse tempo surgiram os profetas
     Isaías viveu no turbulento período assírio, presenciando o cativeiro do seu povo. 
       Ambos os reinos (Norte/Israel e Sul/Judá).     
     Israel governado por Jeroboão e outros seis reis de menor importância, haviam aderido ao culto pagão: 
   Judá, no período de Uzias, Jotão e Ezequias permaneceram em conformidade com a aliança mosaica, porém gradualmente, o rigor foi diminuindo causando um sério declínio moral e espiritual (3.8-26). Lugares secretos de culto pagão passaram a ser tolerados; o rico oprimia o pobre; as mulheres negligenciavam suas famílias na busca do prazer carnal; muitos dos sacerdotes e falsos profetas buscavam agradar os homens (5.7-12, 18-23; 22.12-14). 
    Tudo isso deixava claro e patente aos olhos do profeta Isaías que a aliança registrada por Moisés em Deuteronômio 30.11-20, havia sido inteiramente violada, portanto a sentença divina estava proferida, o cativeiro e o julgamento eram inevitáveis para Judá, assim como era para Israel.

    O rei Uzias

   Uzias ou Azarias: Filho de Amazias, rei de Judá e Jecolias. Sucedeu seu pai aos dezesseis anos de idade e reinou por 52 anos em Jerusalém. 
     Buscou andar nos caminhos do Senhor em tudo quanto fez, por isso teve um reinado de muita prosperidade. Foi notável engenheiro e projetava ele mesmo suas armas de guerra.
     Foi também considerado um grande guerreiro, temido por todos e sua fama chegou até o Egito.
  Guerreou contra os filisteus, arábios e meunitas vencendo a todos, pois Deus era com Uzias que o buscava através do Profeta Zacarias e Isaías e que trazia uma mensagem de punição e juízo para os pecados de Judá e Israel, e das nações vizinhas.

   Uzias fortificou torres e edificou a cidade de Élate, construiu reservatórios de água, recebeu presentes dos amonita, tinha muito gado e muitos campos férteis e foi considerado amigo da agricultura. Porém os altos não tirou, porque o povo ainda sacrificava e queimava incenso nos altos.
     Contudo, nos últimos anos de sua vida, exaltou-se e quis ele mesmo queimar incenso no altar do incenso. O que não lhe era permitido, mas tão somente aos sacerdotes e por isso foi amaldiçoado com lepra até o dia de sua morte. Morrendo o rei Uzias isolado numa casa separada. Porém Jotão, seu filho, tinha o cargo da casa e governava Judá. Morreu uzias e foi sepultado com seus pais. Seu filho Jotão sucedeu-lhe no trono.
     Seu reinado vai de 791 à 740 a. C. (II Reis 15: 1-7; II Crônicas 26:1-23).


   O relato autobiográfico de Isaías do seu chamado para tornar-se um mensageiro da corte celestial do Senhor encontra-se no capítulo 6.
   Quando Isaías foi convocado a representar a corte celeste junto à corte terrena de Jerusalém, ele descobriu que Deus não o estava enviando para salvar Israel, mas para endurecer seus corações impenitentes (6.9-10).
     Isaías devia apresentar ao povo a acusação do Senhor de que eles eram infiéis e rebeldes (1.2-3; 31.1-3; 57.3-10). O povo de Deus havia se tornado como as demais nações em seu orgulho, sarcasmo e egoísmo. Eles haviam perdido a perspectiva de justiça, de amor e de paz, características do Reino de Deus e tentaram estabelecer seu próprio reino.
    O profeta também desempenha o papel de advogado. Ele exorta os piedosos a buscarem ao Senhor, a aguardarem o seu Reino, a experimentarem eles mesmo a paz de Deus e a responderem com fé aos novos atos divinos de redenção.
     A primeira parte do livro, capítulos de 1 a 39, enfoca o julgamento de Deus sobre Israel através da Assíria; a segunda, capítulos 40 a 66, o retorno do remanescente do exílio na Babilônia e sua libertação final no futuro distante.
    A segunda parte com a primeira inicia-se com uma visão da corte celestial.
    Isaías ouve furtivamente Deus enviando mensageiros para anunciar que o castigo já foi pago e que por isso terá fim (40.1-18).
     visão que Isaías tem do Reino de Deus é grandiosa, pois inclui a história da redenção desde os seus dias até alcançar a plenitude da salvação. Ela abarca do exílio, a volta dos judeus do exílio, a missão, o ministério e o Reino de Jesus Cristo, a missão e a esperança da Igreja, o governo atual de Jesus sobre este mundo e a restauração de todas as coisas em santidade e justiça.
      Isaías era mestre em sua língua e utilizou imagens e vocabulários muito ricos. Muitas das palavras e expressões de que faz uso não são encontradas em nenhuma outra parte do Antigo Testamento. As imagens retóricas em seu livro mostram que ele conhecia as tragédias da guerra (63.1-6), as injustiças da alta sociedade (3.1-17) e os fracassos da agricultura (5.1-7).
     
     Isaías era um pregador de talento.

    Através de sua imaginação poética e estilo retórico, ele expôs a loucura de fiar-se nas estruturas humanas em contraste com a sabedoria de confiar no Reino de Deus. Embora os infiéis sejam insensíveis ao Senhor (6.10), os oráculos proféticos de Isaías levam os piedosos a responderem a Deus com reverência e louvor.
     Isaías conclama o povo a abandonar a vida de pecado e ao mesmo tempo escapar do julgamento e da punição futura como castigos divinos.
    Sua mensagem se destina a Judá, Israel e às nações pagãs vizinhas. Contém vários oráculos ou mensagens constituídas de acusações, condenações, julgamentos e também de consolação, e ainda algumas passagens apocalípticas, tudo escrito num estilo nobre e clássico. O profeta foi cauteloso em mostrar que o juízo de Deus revela não sua arbitrariedade, mas sua justiça. Devido a idolatria e a imoralidade, o povo de Deus havia se tornado como as demais nações em seu orgulho e egoísmo. 

    Por outro lado o livro está repleto de promessas de restauração, do advento do Messias, de salvação para todas as nações e do triunfo dos propósitos de Deus.

A Data 

   A primeira parte do livro pode ter sido escrita nos primeiros anos de Isaías, e os capítulos posteriores, após a sua retirada da vida pública. Se Isaías começa profetizando em cerca de 750 a.C., o seu ministério pode ter se sobreposto aos ministérios de Amós e Oséias em Israel, bem como o de Miquéias em Judá.

O livro
   
   O Em certos aspectos, Isaías é uma Bíblia em miniatura.
   Os sessenta e seis capítulos de Isaías podem ser divididos naturalmente em duas seções: 1 -39 e 40- 66. 
    Sua dupla divisão ressalta o julgamento e salvação, correspondendo aos temas principais do Antigo Testamento e Novo Testamento.



A primeira seção de Isaías (1-39). Contém quatro grandes blocos de profecias.


(1) Nos capítulos 1-12, Isaías adverte e denuncia Judá pela sua idolatria, imoralidade e injustiças sociais durante um período de prosperidade enganadora. Entrelaçadas com a mensagem da condenação vindoura há importantes profecias messiânicas (Is 2.4; 7.14; 9.6,7; 11.1-9), e o 1 Prender, cingir ou apertar com laçada ou nó; amarrar. 17 testemunho do profeta a respeito da própria purificação e de seu encargo para o ministério profético (Is 6).

(2) Nos capítulos 13-23, Isaías condena as nações contemporâneas por causa de seus pecados. 

(3) Os capítulos 24-35 contêm um amplo leque de promessas proféticas de salvação e juízo futuros. 

(4) Os capítulos 36-39 registram a história seletiva do rei Ezequias, que forma um paralelo com 2 Reis 18.13 - 20.21. 


      A segunda seção (40-66). 

        
    Traz algumas das profecias mais profundas da Bíblia a respeito da grandeza de Deus e da vastidão de seu plano de redenção.
    Estes capítulos inspiraram esperança e consolo ao povo de Deus durante os anos finais do reinado de Ezequias (Is 38.5) e nos séculos seguintes.
   Estão repletos de revelações a respeito da glória e poder de Deus, e de sua promessa em restaurar um remanescente justo e frutífero em Israel e entre as na ções, como plena demonstração de seu amor redentor. Tais promessas, e seu respectivo cumprimento têm conexão especial com o sofrimento e contêm os “cânticos do servo” (ver Is 42.1-4; 49.1-6; 50.4-9; 52.13; 53.12). Elas avançam além da experiência dos exilados, e prevêem a vinda futura de Jesus Cristo e a sua morte expiatória (Is 53).
     O profeta prediz que o Messias vindouro fará com que a justiça brilhe com fulgor 1 , e que a salvação chegue às nações como uma tocha ardente (Is 60-66). Condena a cegueira espiritual (Is 42.18-25) e 1 Brilho, cintilação, clarão, esplendor. 18 recomenda a oração intercessória e a labuta 1 espiritual pelo povo de Deus, para que todas as promessas sejam cumpridas (cf. Is 56.6-8; 62.1,2 6,7; 66.7-18).

      Propósito -
Fica patente o tríplice propósito de Isaías. 

1) Confrontar a própria nação, e outras nações contemporâneas, com a Palavra do Senhor, mostrandolhes seus pecados e o conseqüente castigo divino; 

2) Profetizar esperança à geração futura de exilados judaicos, que seria restaurada do cativeiro, e à qual Deus redimiria como luz aos gentios;

3) Mostrar que Deus enviaria o Messias davídico, cuja salvação abrangeria todas as nações da terra, suscitando esperança no povo de Deus, tanto do antigo como do novo concerto.

Características Especiais Oito aspectos básicos caracterizam o livro de Isaías. 

(1) Em grande parte, estão escritas em forma poéticas, e é insuperável como jóia literária na beleza, poder e versatilidade;

(2) É chamado “o profeta evangélico”, porque, dentre todos os livros do Antigo Testamento, suas profecias contêm as declarações mais plenas e claras sobre Jesus Cristo; 

(3) Sua visão da cruz (Is 53) é a profecia mais detalhada sobre a morte expiatória de Jesus; 

(4) É o mais teológico e extenso de todos os livros proféticos do AT. O período de tempo ali tratado remonta à criação dos céus e da terra (Is 42.5), e olha para o futuro, aos novos céus e nova terra (Is 65.17; 66.22). 

(5) Contém mais revelação a respeito da natureza, majestade e santidade de Deus do que qualquer 22 outro livro profético do AT. O Deus de Isaías é Santo e Todo-Poderoso, aquele que julgará o pecado e a iniqüidade dos seres humanos e nações. Sua expressão predileta para Deus é “o Santo de Israel”; 

(6) Isaías, cujo nome significa “o Senhor salva”, é o profeta da salvação. Ele emprega a palavra “salvação” quase três vezes mais do que todos os demais livros proféticos do AT. Isaías revela que o propósito divino da salvação será somente realizado em conexão com o Messias;

(7) Isaías faz freqüentes referências aos eventos redentores da história de Israel: e.g., o Êxodo (Is 4.5,6; 11.15; 31.5; 43.16,17), a destruição de Sodoma e Gomorra (Is 1.9) e a vitória de Gideão contra os midianitas (Is 9.4; 10.26; 28.21). Além disso, faz alusões 1 ao cântico profético de Moisés em Deuteronômio 32 (Is 1.2; 30.17; 43.11,13); 

(8) Isaías é juntamente com Deuteronômio e os Salmos, um dos livros do AT mais citados e aludidos no NT. 

     O Livro de Isaías ante o Novo Testamento.
   
    Isaías profetiza a respeito de João Batista como aquele destinado a ser o precursor do Messias (Is 40.3-5; Mt 3.1-3). Seguem-se muitas de suas profecias messiânicas sobre a vida e ministério de Jesus Cristo

Encarnação e divindade (Is 7.14; Mt 1.22,23 e Lc 1.34,35; Is 9.6,7; Lc 1.32,33; 2.11);
Juventude (Is 7.15,16 e 11.1; Lc 3.23,32 e At 13.22,23);
Missão (Is 11.2-5; 42.1-4; 60.1-3 e 61.1; Lc 4.17- 19,21);
Obediência (Is 50.5; Hb 5.8);
Mensagem e unção pelo Espírito (Is 11.2; 42.1; e 61.1; Mt 12.15-21);
Milagres (Is 35.5,6; Mt 11.2-5);
Sofrimentos (Is 50.6; Mt 26.67 e 27.26,30; Is 53.4,5,11; At 8.28-33);
Rejeição (Is 53.1-3; Lc 23.18; Jo 1.11 e 7.5);
Humilhação (Is 52.14; Fp 2.7,8);
Morte expiatória (Is 53.4-12; Rm 5.6);
Ascensão (Is 52.13; ver Fp 2.9-11);
Segunda vinda (Is 26.20,21; Jd v. 14; Is 61.2,3; 2Ts 1.5-12; Is 65.17-25).
    
    As Profecias de Isaías
      

    As profecias têm três aspectos diferentes, e refere-se a Israel, às Nações e ao Messias.
     O primeiro e terceiro, achamos em todo o livro, mas o primeiro é mais evidente nos capítulos 1-12, 14-35, e o terceiro nos capítulos 40-66.
    No que concerne a Israel, somos ensinados: que, por motivos dos seus pecados, a nação havia de ser levada ao cativeiro; havia de passar por um período de desolação e angústia; que um restante do povo seria salvo e teria parte no gozo e liberdade do reino do Messias, havia de ser estabelecido sobre a terra, com seu centro em Jerusalém; que esse reino seria universal; e, finalmente, que a glória e grandeza dele ultrapassariam qualquer coisa conhecida anteriormente.
     As passagens são numerosas demais para especificar, e o período referido é o futuro período Messiânico.
     As predições contra Babilônia, Assíria, Filístia, Moabe, Síria, Egito, Dumá, Arábia e Tiro têm sido, maiormente cumpridas, mas há aspectos destas profecias que ainda esperam seu cumprimento durante o período que virá depois desta presente dispensação cristã.
    Todas as nações são consideradas por Deus como “a gota de um balde” (Is 40.15), mas Deus dispõe dessa gota.
 Quando chegamos às profecias messiânicas, encontramos-nos em águas profundas e ricas, e nenhuma parte da Sagrada Escritura é mais abundante nisto do que Isaías.
    O Messias é repetidamente prometido e predito: em 4.2 como o Renovo, e Fruto da Terra; em 7.14 como o Emanuel, nascido da virgem; em 9.6 como Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, e Príncipe da Paz; em 11.1 como “um Rebento do tronco de Jessé”; em 28.16 como a Pedra preciosa da esquina; em 32.1-2 como o Rei que reinará em justiça e como o homem que será escudo e abrigo da tempestade; em 42.1 como o Eleito Servo de Deus; em 42.6,7 como o Redentor de Israel e como uma Luz para iluminar os gentios; e em 61.1 vemos o ungido Mensageiro de Deus, enviado a pregar, sarar e libertar. Broto que dá origem a outra planta; refilho, renovo. Filho; descendente.
   Neste livro, os sofrimentos do Messias são mais claramente preditos do que em qualquer outra parte do Antigo Testamento, especialmente nos capítulos 50, 52 e 53. “Os sofrimentos e exaltação de Cristo são claramente declarados como se o profeta tivesse estado ao pé da cruz, e visto Cristo em Ressurreição”.Tudo isto é, de fato, uma revelação, e podia ser conhecido somente com o Espírito de Deus comunicando ao seu servo escolhido.


Profecias Messiânicas

    A pregação de Isaías referiu-se ao presente. Achou a sua ocasião e objetivos na necessidade e circunstâncias dos seus dias. Porém, ela constantemente ia além do atual e do imediato, até o futuro do propósito divino.
    O estabelecimento do reino futuro é ligado com a vinda de um Libertador, um Rei que será da casa de Davi. Sua metrópole será Sião, purificada e regenerada pelo juízo.
   Junto aos seus primeiros discursos, Isaías põe uma breve profecia (Is 2.2-4) tirada de Miquéias (ou de outro profeta mais antigo), em que o destino futuro de Sião é descrito. Isto serve como base de uma chamada ao arrependimento.
    A grandeza desta profecia vê-se quando é relacionada com as circunstâncias do momento. Quando a religião e a moralidade estavam decadentes; quando Israel, em vez de converter as nações ao culto a Jeová, era pervertido pelas suas superstições; quando as nações, em vez de vir render homenagem ao Deus de Jacó, ameaçavam esmagar totalmente seu povo.
    Isaías repete com autoridade a profecia que prediz a supremacia espiritual de Sião, e o estabelecimento da paz universal. É possível haver uma alusão messiânica no Capítulo 4.2: “Naquele dia o renovo de Jeová se tornará em beleza e glória, e o fruto da terra em orgulho e adorno para os de Israel que tiverem escapado”.
    O Targum dos judeus tem as palavras „ parafraseadas assim: “Naquele dia será o Messias de Jeová formoso e glorioso


 AS DÚVIDAS SOBRE A AUTORIA ÚNICA

     Alguns estudiosos questionam a autoria de Isaías quanto à totalidade do livro que lhe leva o nome. Eles lhe atribuem somente os capítulos 1-39. E alegam uma mudança no estilo do livro. Mesmo por meio de uma leitura descontraída de Isaías, podemos detectar uma grande mudança no capítulo 40.
- O estilo se torna mais poético e teórico.
- O tom se torna conciliatório em vez de condenador.
- Os oráculos de acusação e juízo, que compunham a maior parte dos primeiros 39 capítulos se tornam bem mais raros.
- A situação histórica parece ter mudado dramaticamente.
- O povo mencionado está no exílio, não na Judá do século VIII.
   À luz de tais observações, pode-se entender facilmente por que alguns eruditos não conseguem atribuir o livro inteiro a um único autor do século VIII.
    Mas apesar de muitos estudiosos duvidarem que Isaías tenha sido o autor de todo o livro que leva seu nome, somente o nome dele está vinculado à obra.
    Fora de Isaías, aparece apenas 6 vezes no Antigo Testamento. Existem outros paralelos verbais notáveis entre os capítulos 1 a 39 e os capítulos de 40 a 66.
   Não existe, porém, nenhum fato bíblico que nos leve a rejeitar a autoria de Isaías para todo o livro. 

   As mensagens de Isaías, nos capítulos 40 -66, destinados aos exilados judaicos em Babilônia, muito tempo depois de sua morte, enfatizam o poder de Deus em revelar eventos futuros específicos através dos seus profetas (Is 42.8,9; 44.6-8; 45.1; 47.1-11; 53.1-12). 
    Se aceitarmos os fenômenos das visões e revelações proféticas (cf. Ap 1.1; 4.1 a 22.21), cai por terra o obstáculo principal à crença de que Isaías realmente escreveu o livro inteiro. 

   As evidências que sustentam esta posição são abundantes, e podem ser classificadas em duas categorias: 

   (1) As evidências internas, no próprio livro, que incluem o título em 1.1, e os numerosos paralelos e pensamentos marcantes entre ambas as seções do livro.
    Um exemplo notável é a expressão “o Santo de Israel”, que ocorre doze vezes nos capítulos 1 -39, e catorze nos capítulos 40 a 66, mas somente seis vezes no restante do AT. Nada menos que vinte e cinco formas verbais hebraicas aparecem nas duas divisões de Isaías.
    Expressões estas não encontradas em nenhum outro lugar dos livros proféticos do AT.

(2) As evidências externas incluem o testemunho do Talmude e do próprio NT, que atribui todo o livro ao profeta Isaías, confira:

- Mt 12.17-21              > Is 42.1-4;
- Mt 3.3 e Lc 3.4         > Is 40.3;
- Jo 12.37-41              > Is 6.9,10 e 53.1;
- At 8.28-33                > Is 53.7-9;
- Rm 9.27 e 10.16-21  > Is 10, 53 e 65.


CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS

    Isaías contém prosa e poesia; a beleza de sua poesia é insuperada no restante do Antigo Testamento.
     O trecho principal em prosa acha-se nos capítulos 36 a 39, no interlúdio histórico que une as duas partes do livro.
   O material poético inclui uma série de sentenças nos capítulos 13 a 23.
     Um cântico de motejo contra o rei da Babilônia acha-se em 14.4-23.
   Os capítulos 24 a 27 formam uma seção apocalíptica que ressalta os últimos dias.
     Um poema sapiencial acha-se em 28.23-29.
   O cântico da vinha (5.1-7) começa com cântico de amor, no qual Isaías retrata o relacionamento entre Deus e Israel.
   Hinos de louvor aparecem em 12.1-6 e 38.10-20, e temos um lamento nacional em 63.7 - 64.12.
   A poesia é realmente rica e variada, da mesma forma que o vocabulário do profeta supera qualquer outro escritor do Antigo Testamento.
  Uma das técnicas prediletas de Isaías é a personificação.
 O sol e a lua sentem vergonha (24.23), ao passo que o deserto e a terra ressequida se regozijam (35.1) e as montanhas e florestas irrompem em cânticos (44.23). As árvores “baterão palmas” (55.12).
   Uma figura de linguagem predileta é a vinha, que representa Israel (5.7). Pisar o lagar é retrato do juízo (63.3), e beber o cálice da ira de Deus é cambalear debaixo do seu castigo (51.17). Isaías emprega o nome “Rocha” em referencia a Deus (17.10).
   O poder da linguagem figurada de Isaías vê-se em 30.27-33, e o profeta faz pleno uso da ironia ao condenar os ídolos em 44. 9-20. Exemplo notável de jogo de palavras temos como aliteração e assonância em 24.17. A calamidade destruidora de 28.15,18 é no original um exemplo de metáfora mista.

TEMAS E TEOLOGIA

    Isaías é um livro que desvenda as plenas dimensões do juízo e da salvação divina.
Deus é o Santo de Israel que deveria castigar seu povo rebelde, mas posteriormente o remirá.
Israel é nação cega e surda (6.9,10; 42.7), vinha que será pisoteada (5.1-7), povo destituído de retidão (5.7; 10.1-2).
O juízo terrível que será desencadeado contra Israel e todas as nações que desafiam a Deus é chamado “dia do Senhor”. Deus, porém, terá compaixão de seu povo (14.1,2) e o livrará da opressão tanto política quanto espiritual. Sua restauração é semelhante a um novo êxodo (43.2,16-19; 52. 10-12) quando Deus o redimir e o salvar. O poderoso Criador de Israel (40.21,22; 48.13) fará ribeiros brotar no deserto (32.2) quando por graça levar o povo de volta a pátria. O tema de uma estrada para a volta dos exilados ganha destaque nas duas partes principais do livro. O Senhor levanta um estandarte para conclamar as nações a trazer Israel para casa.
Isaías serviu a Deus desempenhando o papel de promotor de justiça da aliança. Sua mensagem é constituída de acusações, condenações e julgamentos, pois ele declara a maldição de Deus sobre Israel, Judá e as nações (1.2-31; 13 – 23; 56 – 57; 65).


ESCATOLOGIA

    A escatologia encontrada em Isaías é a escatologia do Reino. Com isso, queremos dizer que a ênfase está no reino futuro de Israel, retratado como o reino centrado em Jerusalém. 
    Paz e prosperidade abundantes, e todo o mundo ia a Jerusalém para se encher de espanto e ser instruído. 
  A adoração adequada e a centralidade da lei são características significativas do reino. 
   Um descendente de Jessé se assentará no trono; esse aspecto do reino, todavia, não é um destaque em Isaías. A ênfase é dada ao fato de que Javé reinará (24.23; 33.22; 43.15; 46.6) e será o orgulho do remanescente de Judá e a glória de Jerusalém.


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